vou voltar no tempo
e pensar nas merdas que já fiz
e nas que deixe de fazer
vou lembrar de coisas
obscenas
ou apenas cenas
cenas desprovidas de senso
algo vazio
improdutivo
vou
vou voltar no tempo
somente para te ver
mais uma vez
e quando isso acontecer
espero um sorriso
somente isso
vou
vou mas volto logo
meu tempo é hoje
é agora
um segundo
momento!
confesso
confesso que ando muito vagabundo
meio largado
meio cansado
deve ser a época do ano
com todas estas festas
me pergunto
o que temos para festejar?
tá tudo esquisito
tá tudo com raiva
tudo errado
sim
tudo absolutamente errado
não deveria ser assim
consomes pelo simples ato de consumir
destroes por ter vontade de destruir
matas
morres
acha tudo normal
a fome
a sede
dá-lhes água
e também comida
vamos alimente
mate a fome
seja Homem
seja espécime Humana
seja vivo
orgânico!
surrupiei um beijo
que andava marcando
em pleno ar
agora está comigo
mas não pro muito tempo
afinal
beijos não devem ser aprisionados
devem estar soltos
procurando a quem beijar
eu considero que já ganhei o meu
e foi um selinho
beijinho
um pouco pouquinho
um muito muitão
sorrio pelo beijo recebido
e solto
solto o beijo para que siga seu caminho
a quem lhe indiquei
Você!
vontade
vontade de enfiar o dedo no cu
e cheirar
ei
quem ai empresta o cu
não vai durar nem um minuto
sim
sim é estranho
mas pelos o cu não é meu
que seja então o seu
uma dedada
nada de mais
o meu?
não
nem pensar
deixemos isso de lado
não vai ser o cu de ninguém!
vontade
vontade de enfiar o pé na jaca
encher a cara
ficar doido
um pouco mais que o normal
um boquadim a mais
somente para poder dizer
dizer o que queria
dizer
meio complicado
não?
mas é assim mesmo
complicamos
tornamos o fácil no difícil
é difícil
pra caramba
e também para caralho
que merda
façamos uma coisa
sejamos diretos
sejamos sinceros
sem subterfúgios
manobras
que se foda
que venha tudo a tona
francos!
casual
hoje me acho na casualidade
no eventual
acaso
e por acaso faz ideia do que digo
seria bom que soubesse
afinal nem eu sei
sei que foi brincadeira
pois tenho uma ligeira impressão
do que seja
uma bobeira talvez
uma certeza
não sei
uma olhadinha
sim olhei
e fiquei olhado
não conseguia tirar os olhos
e nem disfarçar
estava meio enlouquecido
e ainda sigo
sigo minha loucura
mas com uma certa doçura
rindo sozinho.
Antigamente
...
antigamente não era assim
era assado
talvez cozido
em banho-maria
na água
vapor
mais lentamente
vagarosamente
tal qual o caldeirão da bruxa
a bruxa malvada
ou a boazinha
tem de todo jeito que queira
a escolha é livre
é tua
e de mais ninguém
mesmo
mesmo que te digam contrário
não acredite não
é enrolação
coisa que eu não faria não
não mesmo!
tá muito cedo para ficar aqui dentro
vão lá pra fora
fazer
fazer sei lá o que
não importa
somente não encham o saco
quero sossego
quero paz
amor
coisas poucas como podem ver
coisas básicas para sobreviver
para viver
sem pressa
apressadamente
sem nervosismo
nervosamente
sem egoísmo
egoistamente
mente
minto
minto se lhe digo
alguma coisa incoerente
algo indecente
ao pé do ouvido
de mansinho
quase beijando
não liga não
foi assim um repente
de repente
no ímpeto
no instinto
algo me dizia que sim
algo me dizia que não
antagonicamente
sendo!
Eu
...
ali assim me via
num espelho
sem roupas
nu
e com a mão no bolso
por mais contraditório que seja
que possa ser
figura de linguagem
creio
mas não tenho certeza
pois sou adepto a licença poética
nada ética
se o queres
se desejas
...
abstrata
nem um pouco sensorial
o bem
o mal
serviram somente para rima
virar rima
dentro
fora
em qualquer lugar
de qualquer jeito
...
passional
...
paixão que me domina
me consome
come
de dentro
para fora!
beber sozinho é coisa de bêbado?
perguntou eu
mas não
não me diga não
nem quero saber
pois se for
fodeu
ou fudeu
pois acabei de beber
beber na solidão de meu ser
Bêbado
...
tá na cara que é
olha a cerveja na mão
olha
olha os olhos vermelhos
o olhar perdido
ops
talvez não seja cerveza não
pode ser outra coisa
mas pouco importa
deixa de lado
faz de conta
que este detalhe
ninguém viu
viu?
estranhava o mundo
a cada dia que passava
tudo mudando
escancarando
desmoronando
flutuações monetárias
moedas
papeis sem valor
o ouro se foi
se foi no tempo
a muito tempo
e você na mão
ficou na mão
batendo uma bronha
pois foi somente
somente o que lhe restou
nada mais
nem migalha
nada restou
nem esmola
a concorrência aumento
tudo mudou
tudo escancarou
desmoronou
a sua volta escombros
a sua volta corpos
é guerra
a solução
uma guerrinha
não diria mundial
mas pelo menos em boa parte do mundo
tudo em prol da economia
do economicamente viável
em contradição
ao humanamente possível
...
tome
tome esta clava vamos esmagar um crânios
só por brincadeira!
faço de conta
faço e não conto
desfaço
e faço novamente
teimoso
bicho tinhoso
burro que empaca
não vai
nem pra frente
nem pra trás
estátua
paralisada em uma praça
um museu
calçada
levando cagada de pombo
levando chumbo
e do grosso
alvo
um alvo nas costas
outro na frente
e um cartaz:
Procura-se
vivo ou morto!
mais morto que vivo
mais vivo que morto
a ordem das coisas
altera sim o produto
que coisa!
vou dar a letra
mas não acostume não
será somente esta vez
e depois
depois nunca mais
nada mais falarei deste assunto
...
mas afinal
do que estávamos falando?
ahh
se esqueceu não era importante
deixemos então de lado
que tempo se encarrega de um dia mostrar
mostrar a face
o rosto
cru
desprovido
limpo
como se fosse recém nascido
uma vida nova
um momento novo
um dia
dia que surge todo dia
repetidamente
diria eu diariamente
initerruptamente
sorridente
diferente
estranhamente todo dia de um modo diferente.
descobri recém
que existe um mundo
dentro de outro mundo
que por sua vez está em outro
e assim sucessivamente
infinitamente
infinito
parte destes mundos
eu
talvez inclusive seja um mundo
um algo complicado
logo em seguida simples
ao mesmo tempo também
tudo variando
fluídos
hormônios
tecidos
expandindo
contraindo
caindo
caindo de pé como gato
como fera
besta
...
besteira
que besteira a minha
pensar esta bestice
numa tarde de domingo
num final de tarde de domingo
fui!
Hasta la vista Baby!
vagabundo
meu cérebro
anda muito vagabundo
vadiando
pipoca aqui
pipoca lá
pensando sem parar
coisas
tolas
descartáveis
que não são recicláveis
basura
lixo
não deve de ter o que fazer
não faz porra nenhuma na vida
apenas vadia
vadio
que apenas pensa para passar o tempo
e assim vai indo!
Tentam
tentam me impedir
inventam obstáculos
atrapalham
atrapalham o bom andamento das coisas
a coisa certa a fazer
a errada ao dizer
e digo mais que faço
indico
indico o caminho
mostro a placa
desenho
somente pra que saibas
que não existem resumos
tudo é pleno
e preste a atenção eu disse pleno
e não plano
não delírio tanto!
lá, rá, li
lá, rá, lá
...
cantarolando
sem motivo algum
e isso torna algo
em ainda algo maior
um surto a porvir
uma susto ao existir
o amanhã
o amanhã ninguém sabe
muito menos eu
eu que fico aqui
apenas mexendo com palavras
eu que me transformo aqui
apenas brincando com palavras
palavras minhas
e por isso fico
fico sem palavras!
ha não sei
não sei nada
sei lá tantas coisas
a te dizer se pudesse
mas não quis não
e foi melhor assim
acabei aqui
aqui nesta forma orgânica
escrevendo sobre coisas
sobre gente
sobre quase tudo
ou pelo menos o que sei
a parte que me toca
não
não me toques mais
me deixe
deixe eu tatear no espaço
ao redor
em tudo que é lado
tratarei de procurar
até encontrar
ou não
mas pouco importa
o que vale é a diversão!
Faz tempo
ahh faz muito tempo
tempo o bastante
para esquecer como escrevia
como dedilhava as teclas
folhas
pétalas
esqueci
como pensar
como traduzir
um texto
um texto extraído do interior
da gente
nós
nós que escolhemos letras e palavras
que brincamos com elas
até mesmo abusamos
delas
dela
a licença poética
escrevendo a merda que for
do jeito que quiser
que queira
que seja
a tradução já feita
não se desfaz mais
permanece ...
