enfiei um dedo em teu ouvido
e dois dedos no umbigo
mas calma
é só o começo
tacarei dedos em outras aberturas
e uma hora destas
acerto
tentativa e erro
experimentos
e tenta
tenta de um jeito e de outro
enfia aqui
alisa ali
sussurra
murmura
brinca
brinca de esconde-esconde
tá pega
achei
e agora vou me divertir
vou me debruçar
esticar
virar
de vários lados
virar
um nó
um nó cego
surdo
mudo
isso é tudo
pelo menos neste momento
vou enfiando
tentando
errando
acertando!
game
sigo jogando
mudando de fases
morrendo
voltando
voltando como se nada houvesse ocorrido
integro
ou quase
pois agora sei
sei como vencer a tarefa
como superar obstáculo
e seguir
seguir jogando
buscando
buscando uma chance
aquela junção de momentos
quando tudo se encaixa
acopla
talvez sonho
ilusão
utopia
mas é minha
e ninguém tem nada a ver com isso
meu caminho
meu jogo que ainda não acabou
yet!
um esboço
já meio apagado pelo tempo
já desgastado pelo vento
já quase parando
lento
isso é o normal
temos o inicio
temos o meio
e finalmente o final
o ápice
o gran finale
ou uma mera passagem de fase
jogar um outro jogo
ou novas aventuras
novos contextos
textos
textos nada sagrados
nada profanos
não se ligam a estas concepções
são autônomos
são crianças que brincam
em um jardim de infância
sem nenhuma preocupação
apenas o brincar
desenhar
conhecer
e assim indo ...
falava de ilusões
como se fossem coisas concretas
e de coisas concretas
como se fossem elas mesmas
complexo
não?
mas liga não
nem eu mesmo entendi
fiquei boiando
falaria de tolices
como se fossem coisas sérias
mas nem tanto
seriam coisas mais o menos
meio que nas coxas
bobagens
engraçado
não?
mas não tem nada de graça
e meio sem graça
não ouço nenhuma risada
falarei em púlpito
para uma plateia
monte de gente
creio que cerca de meia dúzia
então creio ser melhor
mudar a afirmação para um montinho
de gente
coisa pequena
mais íntíma
pessoal
falei alguma quantidade de bosta
e foi somente para não dizer
um monte de merda
mas a ordem do produto
não interfere em porra nenhuma
montes
quantidades
tô mais
é cagando e andando!
sem nenhuma cautela
correndo riscos
exatamente como gosta
no fio
na navalha
bamba
corda bamba
vou de um lado
de outro
balangando
no ar
nas alturas
e nem ligando para eventual queda
afinal
do chão não passa
viu
é fácil
mais fácil que imaginas
o inicio é difícil
mas depois acostuma
se adapta
na vida isso é tudo
a adaptação
e arriscaria dizer evolução
ou quem sabe ajustamento de conduta
tanto faz
contanto que o perigo espreite
que siga
colado logo atrás
tanto que chega a pisar
pisar no chinelo
ops!
escracho
não
esculacho
não
esculhambação
tantos sinônimos
eu anônimo
escondido em minha casca
em meu habitáculo
olhando
olhando meu umbigo
tá sujo
melhor lavar
e assim o farei
mas não agora
depois
neste momento preciso escrever
uma nota
uma carta
uma poesia
mas ele precisa
precisa não fazer sentido nenhum
afinal
vou tirar um barato
da sua cara!
saindo à francesa
discretamente para não ser notado
de fininho
saída rápida pela esquerda
e vai
vai na fé
na vontade
nem olhe para trás
siga
siga pelo caminho que queira
que deseje
sonhe
deixei
sim
deixei que se fosse e foi
para longe
para sempre
mas ficou
ficou na saudade
ficou a saudade
saudade de um sorriso
de um abraço
chamego
beijo
uma lembrança
somente isso!
sol e chuva
casamento de viúva
pura fantasia
é só o clima
pintou
pintou o clima
sol
chuva
água
luz
magia
imagina hoje em dia
algo mágico
algo simples
um algo definido
mas de muitos sentidos
opostos
diferentes
divergentes
do que pensas
do que fazes
a me encantaria a mim mesmo
somente para ver
para sentir
viver
uma mágica
mas afinal sinto
vivo
a vida!
vinha a pouco caminhando
pensando um monte de coisas
ao mesmo tempo
começos sem fim
fins sem começo
uma salada
ou sopa de letrinhas
como queira
deseje
estou a tuas ordens
ou não?
já não sei não
o que pensar
fazer
como se as mãos estivessem atadas
nós
nó cego
boquiaberto
esperando mosquito
até o sapo e mais esperto
usa a língua
e crau!
pondo o terror
aprontando
um monte de coisas
pequenas maldades
algumas bondades
tolices
a sim
dizendo tolices
as que brotam da mente
afluem da alma
do tudo
tudo que é bobo
bobo igual eu
que sou tolo
sou torto
e não endireito
imperfeito
em resumo isso
imperfeição minha síntese
e dizendo a verdade
prefiro deste modo
pois o perfeito não existe
pelo menos em mim
eu
ogre!
fui verificar o que fiz
ao abstrair o que fiz
o que escrevi
e nada bom vi não
e nem de mal também
diria o de sempre
os mesmos verbos
os advérbios
sinônimos e antônimos
quase as mesmas palavras
as vogais
as consoantes
os sujeitos ocultos
as conjunções adverbiais
o mais incrível de tudo
como se eu lembra-se de tudo isso
apenas longínquas lembranças
ou esquecimentos?
deixe de lado
não pense mais nisso
foco
foca na vida e brinque
de faz de conta
pique esconde
pega-pega
e porque não de médico
com a famosa frase
tire a roupa para que eu possa examinar
serei bem detalhado
prometo
que não serei nada além de um personagem
nada mais que isso
na verdade nem existo
sou ficção
sou virtual
irreal
e que mal há nisso
poderia ser pior
poderia ser orgânico
ser humano
aí sim
ai sim seria problema
um baita problemão
mas
ainda bem que não passo de uma imagem
sem rosto
sem corpo
sem alma
e ponto!
luxúria
carne
prazer
desejos que afloram pele a fora
vontade que desafia minha pouca racionalidade
bicho
fera
besta
puro instintos a flor da pele
algo inato consumindo por dentro
coisa
coisa ancestral
da idade da pedra
da pedra na vidraça
caminho
rodopio
rodopio feito pião
feito redemoinho
tornado
tomado pela vontade
absorto em ilusões
preso
preso na imaginação
socorro
tirem-me daqui!
evacuando
um monte de pensamentos
como se fosse bosta
come se fosse monte de merda
a esmo
em ventiladores
redes
escrevo versos
de formas aleatórias
jeitos diversos
dispersos
que monte
que monte de versos
de poesias
fantasias
minhas
minhas fantasias
que me iludem
que me animam
me dão asas feito energético
magnético
mimético
um eco
que surgem do fundo da mente
minhas crianças queridas
minhas criações
frações
...
eu poeta!
língua de trapo
língua de sogra
língua de boca
linguarudo
pondo a língua pra fora
em mamilos
por entre as pernas
nas nádegas mordida
de levinho
linguagem figurada
ou figura de linguagem
resumindo língua
que faz gesto obsceno
figurativamente é lógico
um símbolo provocativo
só isso
peraí
não apenas isso
tem o beijo
beijo de língua
de línguas
línguas entrelaçadas
abusadas
lascivas
famintas!
parei aqui agora
em frente a tela em branco
e pensei
e então?
podes começar
deslanchar
as palavras pelas linhas
imaginárias
as letras em sua ordem
inexistente
o contexto sem nenhum texto
desalinho
e eu para variar fazendo de conta
que tudo é uma questão a ser resolvida
e a resposta nem foi pedida
então peça
exija
faça tua pergunta
e não espera ser respondida
porque talvez
não esteja a fim
de responder porra nenhuma!
redondamente enganados
todos
em minha volta
somente eu tenho a razão
sou sabidão
mas sabo nada não
não sei de nada não
somente
escrever versos
fazer poesias
de coisas tolas
dia-a-dia
só isso
e ao mesmo tempo
faço travessuras
brinco brincadeiras
piruetas pelo ar
a fora
mundo
redondos
enganos
...
te enganei!
creio que em nada creio
quer dizer
poucas coisas levam meu crer
algumas poucas coisas
acredito
que a vida existe
que somos matéria
somos orgânicos
de vários planos
múltiplos
...
mas
onde mesmo eu estava
me perdi
fugi de mim e fui por aí
por apenas uns poucos minutos
sai calado
voltei mudo
...
mas ouço tudo
em minha volta barulhos
me afrontam
me distraem
confundem cada vez mais
ou talvez seja somente a loucura
...
doido
de pedra
sou Napoleão
cadê meu cavalo branco
se não tiver
pode ser uma bicicleta mesmo
pedalando
pedalando
por aí
em silêncio!
fala
e fala
somente coisas sem sentido
e eu nem dou ouvidos
entra por um
sai por outro
e se perde na atmosfera
no ar
rarefeito
tênue
se desfaz
virou outra coisa
vira outro papo
um dialogo monossílabo
uno
una
palavra
gerando monotonia
mesmo tom sem variação
monótono
sem movimento
parado no tempo
estagnado!
boca a boca
bate boca
boca aberta
de porco
boca de porco
lugar de poco aseo
pouco zelo
vergonha
fico
envergonhado
tímido
sem palavras
para saírem da boca pra fora
lorotas
cocotas
beijocas
bocas unidas
beijões
bocas grudadas
tesão
boca naquilo
aquilo na boca
língua
clitóris
tetas
hummm
com licensa
vou mamar agora
ou melhor dizendo
vou dar umas bocadas.
por olho
aberto
semicerrado
fechado
ou atento
olhando
atentamente
o que passa a sua volta
e passa
passa boi
passa manada
um monte
monte de coisas
algumas sólidas
outras insólitas
quiçá absurdas
sem pé nem cabeça
e portanto sem olho
como então olhar
como ver
olho
olho gordo
olho saltado
olho malvado
tanto jeitos
tantos olhos
que não enxergam nada
e muito menos veem
apenas penumbra
voo no escuro.
sou destro
porém possuo duas mãos canhotas
que são meio desconectadas
meio alienadas
sem comunicação
são assim e não posso fazer nada
a não ser
não fazer
se faço fica tudo torto
tudo destrambelhado
curvado
e até mesmo gozado
sim parece piada
mas não é
verdade
minha aptidão manual é nula
até bloquinhos de plástico
sou capaz de montar errado
e me divirto com isso
pois é algo inerente a mim
então rio!
zanzando
de um lado a outro
daqui para lá
indo
em movimento contínuo
sem parar
...
paro um pouco e penso
e agora pra onde eu vou
acho que para lá
ou acolá
o que me der na telha
vou
...
sem parar nem para beber água
nem para respirar
num deslocamento infinito
ao mesmo tempo ínfímo
pequeno
diminuto
quase sem sair do lugar
quase parado
empacado feito burro
burro feito uma porta
não importa nada disso
somente o movimento
e lá vou eu!
com o diabo no corpo
endiabrado
malvado
faço traquinagens com quem encontro
faço brincadeiras bestas
bem bestas
bem besta
que besta
fazendo besteira
contando mentiras
ou as tão conhecidas fake news
ou seria face news
sei lá
só sei que comecei com uma coisa
e agora já tô falando de outra
deve de ser coisa do demo
raios e trovões
tempestade
tempestade em copo d'água
que transborda
sai pra fora
aflora
e pronto era só isso!
vou lhe mostrar a língua agora
pode ser uma língua boba
pode ser erótica
lasciva
pode ser tanta coisa
pode ser nada
escolhas
a todo instante
cada segundo
uma
menos tempo
pode ser num tempo menor
coisa assim sem medida
fora da linha
fora da casinha
curva
curva no infinito
neste mundo redondinho
fui rolando
todo contente!
inquieto
diria
com a pulga atrás da orelha
ando
ando pensando
pensando no entorno
minha volta
me volto para as situações estranhas
que aparecem pelo caminho
no meio do caminho
pedras
ou a pedra de outro poema
um poema antigo
consagrado
vendo
vendo com vários olhos
sentindo de vários jeitos
estranho
eu
observado
este mundo afoito
perturbado.
