papas
papas calientes na língua
em minha língua
eu então calado
paralisado
com uma puta dor na língua
em minha língua
pra fora
fora da boca
todo meu descaso
sem nenhuma importância
nem relevância
que as papas
as papas sumiram
e minha língua
livre
desenvolta
podem agora auxiliar na falas
naquilo que falo
daquilo que penso
ficou tenso
agora complicou
se falo o que penso
penso o que falo
virou absurdo!
continuo
...
no processo de transformação
minhas mãos se agigantam
já não consigo manusear mais nada
meu coração se apequena
já não insisto em amar mais nada
ou ninguém
meus pés se apressam
na pressa caminhando apressados
buscando lugares
buscando pessoas
imagens
olhos
olhos meus que enxergam menos
hoje já mais cansados
observam o que está ao alcance
está por perto
meu cérebro pouco energizado
se confunde
e não sabe mais
se estou indo
ou voltando
fui
voltei!
bem que podia
podia ter tido outras escolhas
mas não
foram estas
estas que vivo hoje
o que teria sido afinal
o que teria sido eu
um eu diferente
mais bonito
mais cheiroso
maldoso
que sou instigo
arrisco em dizer
que é tudo besteira
tudo coisa leviana
pequena
sou eu e pronto
já pronto
no ponto
de ebulição
me transformando dia após dia
tornando-me outro
diferente do que era
a segundos atrás
evoluindo
para o bem e para o mal!
vou enrolar
ou como diziam antes
vou encher linguiça
esticar os capítulos
versar coisa sem sentido
vou
vou enrolar
e vou acender agora
fazer um fumacê
e onde a fumaça
fogo
fogo no boné do guarda
vou até ver o que significa esta frase
pior que não achei porra nenhuma
somente algo sobre futebol
mais especificamente radialista
destes que narram jogos
mas é mais o menos assim
a coisa ficou feia
foi um pega pra capa
vem cá
falando nisso vem aqui
vamos ter
um conversinha de pé de ouvido
vou
vou te contar uma história
destas de arrepiar
até os cabelos do cú
se prepara então
que vou começar
ops
a ligação caiu!
alguma coisa
perdida
em minha cachola
tá lá dentro
em algum lugar
só não sei
onde
como
porque
e neste caso
melhor deixar de lado
se esqueceu
não era importante
ou era
eis a questão
se não lembro
como posso dizer
que não tinha importância
mas vai ver que não tinha mesmo!
mais uma vez
ponho a cara para bater
mas
mas calma lá
não é de verdade
apenas no figurado
na figura
na linguagem
digamos assim uma meia verdade
não
este termo não serve
ficou meio fora de foco
falemos então
de uma ilustração
sim
isso sim
ilustro um modo
modo de dizer
dizendo outra coisa
entendeu?
que bom
então me explica
por não entendi porra nenhuma!
pisaria eu
se fosse possível em nuvens hoje
reles mortal
o que pensa?
Estas louco?
ou anda desembestado na vida
na correria feito enlouquecido
levantou poeira
por onde passou
levou poesia
para onde queria
imagina
imagina que coisa tosca
inventa qualquer coisa
somente para transformar em versos
versos desalinhados
versos mal acabados
com defeitos crônicos
iguais ao poeta
que veio assim de fabrica
defeituoso
com rebarbas
arestas
não aparadas
uma piada!
A Paz
em inglês peace
em francês paix
friede em alemão
e por ai vai
todas as línguas
as linguagens
possuem esta palavra
quase nunca usada
povos belicosos
governos de guerreiros
gente louca e desvairada
quer guerra
mas não paz
as desculpas são as mais variadas
desde unha encravada
de ser contra
diferente
então invadamos
tomemos de assalto
o controle
o poder
são assim que pensam
de uma maneira igual
que a 2000 anos atrás!
falar agora
tudo que vier a cabeça
o que estiver
na ponta língua
seja
o que for
seja
do jeito que queira ser
podem ser palavras tolas
coisas sem nenhum sentido
palavras empilhadas
simplesmente amontoadas
umas sobre outras
verdadeira orgia
putaria
festinha
sopa de letrinhas
mistura
movimenta tudo
o que estiver em tua volta
faz uma bagunça
troca o certo pelo errado
o feio pelo belo
virtudes por defeitos
não necessariamente nesta ordem
pode ser mesclado
um pouco disso
um tanto daquilo
e aquilo outro também
joga tudo no caldeirão!
o tempo me abraçou forte
e me trouxe até aqui
neste momento
desconheço o trajeto
não lembro dos ocorridos
sou uma pagina em branco
esperando letras
aguardando versos
poesia
sou um papel talvez nem tão branco
meio pardo
envelhecido
um poema escrito a bons anos
que foram passando
assim como devem passar
em várias tonalidades
várias cores
texturas
para que sejam sentidas
cheiradas
ou vistas
estas anomalias
ou seriam
singularidades?
ejaculei um poema
foi sem dúvida
um poema da porra
entendeu
entendeu o trocadilho
se não entendeu dane-se
ou foda-se
a escolha é livre
é tua
mas
voltado ao caso
simplesmente pus pra fora
o que tinha pra por
e foi um gozo
um êxtase
orgasmo
e logo em seguida fiquei calmo
e logo depois virei alvo
alvo de tiro
alvo de língua
alvo na mira
preparar
atirar
fogo!
quando cheguei por aqui
não sabia nada
não fazia nada
apenas ficava olhando
observando
as coisas
os dias a dias
a lida
o ócio
stress
calmaria
e ia
vez por outra ia
para outra parte do mundo
ou do universo
nem eu sabia
onde estava
onde iria
mas ia
em rumo firme
para frente
norte
não podendo parar
senão morte
e vivia
e vivo
assim todo tímido
fechado em mim
mim mesmo!
tá muito fora da curva
este mundo
este nosso habitat
são alterações profundas
violentas
virulentas
e falando francamente
pensei que não as veria
que seriam mais pra frente
muito fora
fora da casinha esta gente doida
que fala absurdices
vomitando merda
pela boca
que absurdo
não
eu não queria ver isso
órbita
completamente fora de órbita
lá pros lados do espaço sideral
em meio a matéria escura
vácuo
me deixei no vácuo
ali parado
olhando
e não acreditando
incrédulo
incerto
boquiaberto!
de grão em grão
enchendo o bucho
tipo ave
ciscando
ciscando o terreno
a terra
devorando insetos e larvas
tudo que encontro
pelo caminho
de pedaço em pedaço
junto as peças
quebra-cabeças
que forma uma figura
uma paisagem
um caminho
de cacos em cacos
vou pisando
descalço e nem sinto
me engano
me deixo levar pelos sonhos
engano-me
andando
de passos em passos
vou me afastando
mais e mais
das pessoas
da realidade
sanidade
e louco sigo caminhando
de versos em versos
vou me desmaterializando
me tornando outro algo
que nunca fui até este momento
já sendo
se tornando parte de uma poesia
e ponto.
vou dar uma
uma de poeta
e poetizarei alguma coisa
pode ser uma palavra
um acontecido
inventado
pode ter pé e cabeça
pode não ter porra nenhuma
ou um palavrão mal colocado
posso ser assanhado
ou acanhado
posso ser artista
farsante
tantas possibilidades
inúmeras
mais variadas possíveis
variáveis
várias
ao mesmo tempo
misturadas
formatadas
sem forma
pode ser isso aqui
que acabo de escrever
tá feito!
Balbuciaria em teus ouvidos
palavras assanhadas
descabidas
devidas
somente para provocar
instigar
excitar
ao pé do ouvido
murmuraria alguns desejos
uns bem atrevidos
cheios de más intenções
as piores possíveis
as melhores que possa inventar
lembrar
lembrar de teu corpo
olhos
lábios
que pedem mais
mais bons dizeres
e maus também
picantes
ardidos
desinibidos
escancaro então
extenso repertório
de fazer corar
rostos desavisados
despreparados
...
que susto!
Até que ainda tenho jeito
de espalhar garranchos pelo papel
seguindo uma linha
um pensamento
que veio fugaz
de um momento para o outro
e quase que foi
se foi sem registro
nada descrito
nada de certo
ou errado
nenhuma verdade
tampouco mentira
ambiguidade
ambíguo
olhando o próprio umbigo
centrado
e ao mesmo tempo esparramado
pra tudo que é lado
espaço
quero mais espaço
para espalhar minhas coisas
em um ventilador
na mais alta velocidade
que espalhe tudo
da forma mais inadequada
que enorme bobagem.
Um caderno
papel e caneta
e a mão se movendo
escrevendo
estes mal traçados versos
igual antigamente
mas não pense
que é saudosismo
é que a energia se foi
apagou
apagou luz
apagou modem
só não me apagou
estou aqui acesso
ligado no ato de escrever
só quero ver
só quero ver eu entender
depois
o que foi que escrevi
o que foi que pensei
se foi que pensei
que escrevi
já não sei
se estou indo
ou voltando
...
lapso!
gostaria
ah como gostaria
de fazer um verso
somente para você
não importa quantos
não importa quem
deve ser apenas simples
um soneto talvez
mas não sei
pois teria
teria que me adaptar
entender de métrica
de estrofes
regras
e desta forma
de certa forma me violaria
não seria eu
seria outra coisa
e por isso
persisto
persisto escrever de forma caótica
de pernas para o ar
e mãos
mãos ao alto
isso é um assalto
passe pra cá seu sorriso
e estamos listos!
Por um momento
uma fração de segundo
me vi de frente
frente a frente comigo mesmo
no espelho
e me olhei
me olhei atentamente
e não vi porra nenhuma
que vale-se a pena
vi apenas um ser
um ser distorcido
que se transformou em letras
virou palavras
formou frases
materializou versos
que sejam versos perdidos
que sejam pequenos pedacinhos
uma colagem
colagem sem forma
distorcida tal qual a imagem
do lado de lá
do espelho
reflexo
de eu mesmo!
e aqui vamos
aqui vamos nós
de vento em popa
para mais um aventura
um momento a mais
que seja algo suave
palpável
palatável
seja belo
seja incerto
um pensamento
sentimento
que seja
que possa ser um sonho
destes sonhos que acordamos sorrindo
feito bobos
bobos e tolos
que riem sem ter porque
sem lembrar do que
apenas rindo
que seja
que seja assim
meu universo de fantasia
minha Nárnia
meu outro plano ... dimensão!
gozei de montão
na tua cara
digo
da tua cara
errei a situação
mas foi proposital
só para causar confusão
e também sensação
assim quem sabe
vendo melhor meu peixe
me tornarei espalhafatoso
falarei de temas picantes
meterei os pés pelas mãos
bobo
um bobo da corte
fazendo firulas
dando inúmeras voltas
para chegar em local conhecido
o mesmo lugar
uma volta de 360
graus
contornando o todo
o tudo
da circunferência
globo!
por fora bela viola
por dentro pão bolorento
pura enganação
em embalagem para presente
papel colorido
fitas
cartão
pra você
de
o famoso ovo de chocolate
com uma surpresa dentro
uma surpresa desagradável
diga-se de passagem
algo que não condiz
com a expectativa
um engodo
pura e simplesmente uma falcatrua
fake
falso
mentira
mentira deslavada
sem prova
sem nada
muitas coisas
ultimamente são assim
pura
e simplesmente.
fazia de conta
meio assim por fazer
de conta
me conta
uma história
uma anedota
conto
por ser assim
início
meio
e fim
tá vendo nada complicado
até meio simples
simplificado
não peço um enredo elaborado
não quero escrita rebuscada
espero que dê para entender
só isso
já basta
creio que enrolei muito
por quase nada
apenas foi uma brincadeira
brincadeira de uma criança
eu!
um peixe fora d'água
a porra de um peixe
em um lugar que não é seu
um lugar estranho
um lugar sem ar
sem sal
não
não me encanta
não me anima
inspira
não faz nada disso
apenas me irrita
me deixa tenso
fodido da vida
e também puto
puto da cara
que faço aqui afinal?
não sei
isso é certeza
mas vou tratar de descobrir
encontrar
um outro local
só para chamar de lar!
não sei se bem entendi
o que escrevi agora a pouco
creio que ficou meio oco
meio sem conteúdo
nexo
não sei se mal entendi
o poema anterior
que me deixou louco
procurei pé
achei cabeça
e quando procurei a cabeça
achei o pé
que coisa mais sem razão
uma coisa irracional
não sei se não entendi porra nenhuma
ou foi escrito assim mesmo
mas seja o que for
o que for mesmo
não é pior que este de agora
que escrevo agora
bem na sua frente
ao vivo e a cores!
sem dúvidas
um antissocial
fora-da-lei
se equilibrando nas margens
da sociedade
da sua insaciabilidade
fome
fome de letras
de palavras
frases
joga-las todas no comum
uma vala comum
um senso
um sendo
sendo isso ai que vocês podem ver
isso mesmo
sem tirar e nem por
pois afinal
um leopardo nunca muda suas pintas
suas marcas
marcas de predador!
aguente
aguente firme que estou entrando
devagar e sempre
vagorosamente
ocupando espaços
tomando territórios
fincando
um fincão
introdução
com licença que me apossei deste rincão
agora é meu e faço o que bem entender
e para bom entendedor
meia palavra basta
não precisa mais nada
para dizer que sou dono
que a propriedade é minha
de papel passado
no fio do bigode
na palavra dada
posse
gozo
o que bem quiser
é meu!
que peitos
que peitos de respeito
graúdos
não daqueles enormus
mas igual uma fruta
já madura
em ponto de ser devorada
provocada
admirada
deixa
deixa vai
um beijinho
uma lambida
mordida
nos bicos
nas pontas
pontas das tetas
quero mamar
neném
quer mamar
quer se nutrir
abocanhar
mas tudo
tudo nas piores das intenções
as piores possíveis
e impossíveis também
afinal não custa tentar
pois caímos nas probabilidades
que o acaso se faça
faça presente!
ando enrolando a língua ultimamente
mais que o normal
não se engane
são uns nós adicionais
deve ser a idade
como dizem PVC
Porra
Velhice
Chegando
não se engane
não é não
deve ser a demência tomando conta
a loucura
o louco
não
não se engane
pode ser qualquer coisa
pode ser isso
pode ser aquilo
que vou curtindo
vou mergulhando
em um vão
uma abertura
reentrância
frestas
adoro aparar arestas
parar
ir
vir
em movimentos variáveis
assim vou
só não sei para onde!
passou assim
um reles momento e pá
o ano novo chegou
e já está andando rápido
e nada mudou
tudo igual
como sempre
que banal
que banalidade
tanta festa
tantos rojões
gritos em confraternizações
e no meio disto
a terra treme
a gente morre
tiros pipocam
e lógico
bombas explodem
mas não são rojões
nem fogos
nem artifício
triste verdade
verdade das festas
verdade das guerras
entra ano
sai ano
mesmice corriqueira
mesmo eu
mesmo você!
