já foi melhor
mas não é que esteja pior
seria mais diferente
e bota diferente nisso
me encontro mais disperso
mais imerso
perdido
em minha mente
em meus próprios pensamentos
por vezes voando incansavelmente
em outras caminhando
sem destino
pensando
traduzindo coisas em versos
poetizando qualquer coisa
qualquer mesmo
me vem uma palavra
e dali um poema
me surge uma frase
e dali um poema
imagem
vira poesia
e eu
eu viro do avesso
pois queria ser um verso
um poema
mas apenas escrevo.
voltando ao ponto de partida
volte duas casas
e espere uma jogada
fica aí quietinho
estacionado
que logo voltas ao jogo
onde tanto a sorte
como o azar
te esperam
igual tudo
50% pra cada lado
igualado
divisão exata
são números então pronto
são inúmeros então ao começo
as vezes me esqueço
e começo de novo
desde do inicio
somente para brincar de novo
vamos
vamos jogar
o que vais apostar
aposte
jogue
viva!
caçoando
de coisas banais
cotidianas
tão insólitas
tontas
quão tontas
insólitas
que poderia então fazer
senão rir
de várias caras
inclusive a minha
principalmente
caçoemos então
de mim
de voce
de toda gente
e suas coisas raras
que ocorrem só de vez em quando!
e vai
de vento em popa
o tempo
as horas
calendários
passando
como se não quisesse nada
e mesmo assim querendo
uma dubiedade
ambiguidade
obvia
obviedade
que nos atropela
passa por cima
e nem olha
pra trás
somente pra frente
obvio
como um mais um
talvez seja dois
matemática
números
e muitos zeros à esquerda
mas depois da vírgula
não esqueçam deste detalhe.
mais um ano acabando
e daí?
apenas mais uma marca no calendário
dia nascendo
noite chegando
tudo movimento
tudo se movimentando em nossa volta
nada está parado
nem nós mesmos
somos velozes
somos furiosos
figurantes em um filme de ação
carros que voam
lugares que explodem
tiros e mortes
lugar comum
para todo lado
bang-bang a italiana
comédia tosca
sem graça
rasa
como o passar do dias
dos meses
anos
romanos
anos romanos
dois mil anos
só isso!
não me venha com bestices
bobagens
já me bastam as minhas
neste tema
me encontro satisfeito
saciado
sou besta mesmo
não posso negar
destes que faz besteira
da mancada
marca bobeira
que besta eu
que sonho acordado
viajo parado
estacionado
todo besta eu
falo coisa sem sentido
faço coisas sentido
pareço perdido
besta eu
...
sou besta
uma besta quadrada
que insiste escrever
que teima versar
poetizar
transformar em poesia
tudo que vê
tudo que ouve
sente
...
que besta!
vou lhe dizer uma coisa
putz
esqueci
não liga não
é que estou meio assim
batendo as válvulas
rateando
resmungando coisas
coisas sem sentido
desconexas
sem nexo nenhum
e sexo menos ainda
um tédio
um tempo prolongado
obtuso
...
absurdo
somente absurdo e nenhuma razão
vazão
vazamento
vazante
vaza
vaza daqui
vaza deste planeta
galáxia
mas vaza duma vez!
ótimos
precisam ser bons
melhor ainda
muito mais melhor de bom
os versos
que escreveria
se fosse um poeta
se chegasse perto de sê-lo
que fosse por um minuto apenas
que fosse
trataria de pegar umas letras
e fazer delas palavras
sim
lhe dou minhas palavras se estiver mentido
prefiro ser nítido
confuso
porém quase transparente
quase reluzente
luz
...
pisquei
...
por um segundo pisquei
aí
...
acordei!
e de gaiato entrei
entrei num navio
que se deixa jogar
de um lado a outro
mar tempestuoso
nervoso
mas
mas depois vem a bonança
e a espera sempre alcança
ou nem
nem sempre
vem o que tiver que vir
vai o que for preciso ir
limpeza
de final de ano
para o novo chegar chegando
que seja simplório
que seja honesto
perverso
verso
sim que seja um verso
seja poético
e olha que a poesia
não precisa ser minha
mas se fosse
ainda melhor seria!
pássaros cantam
diversos
variados cantos
que bucólico
não?
que seja
que cantem
melhor não cantar junto
senão serão
asas pra que te quero
esvoaçou
pena em todos os lados
revoada
então
vou sair voando também
um pássaro meio grande
tipo pterodáctilo
extinto
fóssil
algo impresso em rocha
estampado
retrato.
o ócio
descanso
dizem que é criativo
ativa algum coisa e tal
qual
tal qual eu
mas não funcionou
vivo dando voltas
e mais voltas
no mesmo lugar
já gastei o chão
igual desenho
animado
e continuo
contínuo
movimento
quase perpétuo
infinito
mas atenção
disse quase
e talvez queria dizer
que existe chance
de descontinuar
a andar em círculos!
estorvo um pouco
os teus pensamentos
se me deixares
é claro
como água
cristalina
límpida
pura
...
puta
...
puta que pariu
uma forma de vida
que consome tudo
que destrói tudo
predador burro
lhe priva do sustento
do alimento
calor
que horror
agora fritamos
respiramos pesado
inalamos metais e outras coisas
pesadas
densas
e tudo caliente!
mafagafos
mafagafinhos
me de agora um abraço
bem fofinho
aninhe-se em meus braços
que irei me aninhar nos teus
nos teus peitos
tuas tetas
tudo
o que for possível
tudo
o que preciso
neste momento
neste exato momento
me abrace
que também vou te abraçar
o resto
deixemos rolar
quem sabe
o futuro está logo aí!
de quatro
queria te ver de quatro
mostrando tudo
tudo aberto
escancarado
esperando por mim
e lá vou eu
entrando
vagarosamente deslizando
tomando posse
fincando
fincando a bandeira
flâmula
em um monte
ou um vale
caverna
ser
homem das cavernas
e das pernas
pernas para o ar
saias para o alto
mãos a postos
para deslizarem
tocarem
entrarem
em contato
mais fino
íntimo.
estes sonhos meus
que tanto me perco
me acho
viro as costa e vou embora
caminhando
sem nenhum rumo
deixando
deixando o fluxo me levar
na correnteza flutuar
espaço
no espaço vou me esbaldar
nadarei de braçadas
mergulharei
no nada
não pensarei em nada
em mais nada
por meros segundos
uma faísca de tempo
momento!
preciso de uma intervenção
pequeno procedimento
pode ser aqui
no no lóbulo frontal
desligue estes circuitos
que estão em curto
que sabe assim eu tome jeito
juízo
indevido ou indeferido
fora
fora do juízo
perfeito
um louco varrido
mas será que foi
para debaixo do tapete
para uma pá
lixo
varrido
tudo agora está limpo
asseado
desinfetado
tasca a furadeira ai
e manda bala
me cala
me deixa quieto
em algum canto
catarolando!
vou enrolar
postergar
ou como dizem
encher linguiça
e isso se deve a falta do que dizer
deveria ficar calado
de bico fechado
mas
...
mas quem disse que consigo
na verdade nem insisto
e largo o verbo
o termo
sujeito
sujeito de si mesmo
puro ego
...
egocêntrico
...
transgênico
...
higiênico
...
papel
papel-higiênico sujo
sujo de bosta
pastosa
nada cheirosa
uma merda
...
no ventilador
espalhando-se
para todos os lados
spray fedorento!
já não sei o que dizer
me fogem
palavras
me faltam
argumentos
por isso nada escrevo
apenas este verso
meio titubeante
cambaleante
como se estivesse
pisando no vazio
andando no infinito
como se fosse
cósmico
um ser de outros mundos
vários
inclusive este
este mundo que se despedaça
que se envenena
queima
este mundo que muda
a cada dia
a cada dia já está diferente
e diferente
prá pior!
tudo estranho
tudo muito esquisito
em minha volta
no meu entormo
mesmice
reprise
cachorro
rabo
dando voltas no mesmo eixo
círculos
rodas
redemoinhos
vórtices
sugando
puxando
pelo ralo a fora
esgoto a dentro
numa enxurrada
navegação nada tranquila!
ou incomum
não sei qual melhor
qual melhor definição
qual escolha
que se foda
vou mezclar tudo
um pouco disso
um tanto daquilo
genes
fluídos
pensamentos
corpo e mente
vai dar tilt
vai parar a máquina
esquentar as válvulas
curto circuito
um choque
uma realidade
muitas páginas
já viradas sendo relidas
sem querer
apenas lembranças
apenas lembrando
deve ser coisa de velho!
tava pensando no burro
meu burro
o quão estúpido ele foi
de deixa-lo amarrar aqui
neste lugar
que burro
eu
e minhas quatro patas
meu rabo
e o cérebro diminuto
que burro
burro que empaca
não sai do lugar
nem com reza brava
urros
relinchos
e outros barulhos
o tiram do caminho
nem para os lados olha
que burro
se deixou levar pelo tempo
se deixou vagar sem destino
se deixou
...
deixou ludibriar por suas próprias ilusões
enganar a si mesmo
um burro
...
que burro!
Aos trancos
barracos
se o mundo for acabar
melhor
quando
me deixe morrer encostado
podendo ser num barranco
assim não parto cansado
...
de ser interrompido
porra!
é barulho de máquina
de bicho
gente falando coisas sem sentido
pelo menos pra mim
que me ausento destas conversas
vou para longe
tão longe que nem eu tenho ideia
deve estar lá
junto com botas
e com outras tantas coisas
tudo pequeno obstáculos
meros atrapalhos!
em ritmo lento
preguiçoso
escrevendo vadiamente
que na verdade
nada mais é que meu próprio tempo
menos tenso
mais penso
fico só pensando
initerruptamente
sem parar
até cansar
cansei
vou tirar férias
de mim mesmo
afinal
vou me deixar mais de lado
vou me furtar a pequenos erros
e maiores acertos
...
quem me dera
...
poder cumprir esta vontade
ficaria nú
pelado
se não pensasse
que penso
estar suave
en la nave!
inusual
me encanta
me encanta o não normal
o evidente
racional
gosto pra caramba
de lançar palavras
ao esmo
para todos os lados
num ventilador
que se espalhem
viagem
jornadas
que se juntem
e formem frases
sentenças
versos
adoro
adoro poemas
principalmente os meus
suspeito
muito suspeito
esta sua afirmação
me diga mais
ou melhor
não me diga mais nada
chega!
alakazam
abracadabra
hocus pocus
bem que queria
queria ser um mago
e fazer magia
em uma palavra
um gesto
olhar
queria
mas não é tão essencial assim
um flerte
sorriso
flerte sorridente
e olhe
olhe para esta minha mão
e não para a outra
ignore
não se preocupe
a outra mão é boba
se lhe fizer algo
não ligue
finja
finja que não é com você
ou que nem esteja acontecendo
e sim
sinsalabin
aconteceu!
vou
por o louco pra fora
não
não vou
não farei
eu
eu endoidecido
enlouquecido
me decifro a cada dia mais
e menos sei
menos sei
sei
que não sei nada
e ignoro
e ignorando
ignorante
e arrogante também
um entojo
estojo
de guardar lápis
de cor
para desenhar algo
pintando
o sete
fazendo bagunça
gargalhando
um tolo
um bobo
bobo da corte
tolo de tolice
mas
mas que tolice a minha
bobiei
me perdi pelo caminho
mas cheguei aqui!
