Eu que erro
berro
falo
sussurro
ao pé de teu ouvido
a pé no meio do mundo
em pé frente ao espelho
eu
...
eu mudo
mudo te olhando
observando
voyeur
espião
ladrão
que rouba
espia
olha
teus contornos
teus seios
tua figura
figura nua
figura pura
sem vestes
sem mascaras
sem nada
nada de mais
nada que não importe
pelo menos para mim
te prefiro assim
pelada
desnuda
pele
e mais nada!
por sorte
tinha ali
aquela coisinha
guardada
escondidinha
esquecida
que sorte
sorte a minha
sorte a tua
escapou
...
escapuliu
por entre os dedos
pelo meio das pernas
frango
foi frango!
um galinheiro inteiro
nade meio
completo
tudo nas mãos
sem sobrar
nem mesmo um pássaro
nem mesmo penas
tudo voando
flutuando
incerto
aleatoriamente belo!
troço
treco
truco
truquei
blefei
paguei pra ver
joguei
joguei pedra
na cruz
no telhado de vidro
pro alto
e avante
pra frente vou indo
cambaleando
aos trancos
barrancos
tropeçando
na pedra
no galho
nos sonhos
que sonho
mesmo acordado
mesmo adormecido
sonhando
...
desperto
dormindo
blefando
trucando
truco!
Me perco
perco-me
em minha própria mente
doido
eloquente
ou nem tanto
tanto que
me abstenho
ou
abstenho-me
de dar palpite
pitaco
bedelho
não meto o bedelho
fico de fora
olhando
o pau comer
a briga rolar
a vida brincar
o tempo passar
frente minha janela
logo ali
um instante
estalo de dedos
piscar
...
piscou!
Lúcido
lucidez
lembro vagamente
da minha
que perdi
que perco
em sonhos
delírios
êxtases
gozo
de tua cara
em tua cara
desvaneço
me desfaço em fumaça
em vapor
de fininho
sumindo devagarinho
apagando
feito chama
feito fogo
fátuo
plasma
alma.
pequenas descargas elétricas
no cérebro
na mente
e pronto
lá vem palavras
lá vem história
então senta
que agora
meu lado palhaço
vai dar as caras
e tbm as caretas
os troços
as troças
anedotas
cambotas
não essas não
senão
dou um nó nas costas
idade que não me permite
carcaça
carranca
careta
vou fazer careta
uma cara
fantasiada
pintada
mascarada!
déspota
nada esclarecido
das trevas
vindo
surgido
cagado
foi cagado
uma bosta
merda
lixo
bixo
bípede
ave
de rapina
de latrina
privada
vida
vida privada
privativa
que priva
de pensar
raciocinar
admirar
que priva
do arroz
feijão
chão
quão
quão mesquinho
quão rasteiro
tão
tão tan
tan-tan
lelê da cuca
ou doente
doente do pé
na bunda!
penso
...
nada sei
nada sei da vida
do universo
de mim mesmo
verso
que escrevo
sem nenhum critério
nenhum sentido
pra você
só se for para você
pra eu
faz
faz um monte
monte de coisas
coisonas
coisinhas
cousas
a lot
muito
são criaturas
criaturas minhas
parte d'alma
parte minha
pessoa
bastante estranha
malacabada.
amargor
na boca
bílis
fígado
deve de ser
somente isso explica
estas falas doídas
doloridas
vazias
...
é minha amiga
essa tal de vida
faz assim
e assado também
já levei muito tombo
cai de joelhos
levantei
cai de novo
feito ovo
estilhaçado num chão
aborrecido
vencido
vendido
com uma placa de vendido
no peito
feito número
feito placa
marca
mas tento não deixar
passar da pele
da crosta inicial
superfície.
me sento
frente a tela
olhando
alguns símbolos
algumas letras
números
aleatórios
diversificados
inúmeros
...
confusos
ou não
claros
óbvios
ululantes
saltitantes
aos olhos
diante da face
disse cara
e não face
livro
não lido
lhe digo
que nem vou ler
já sei como termina
já sei
já sei do fim da linha
já sei que se aproxima
melhor
melhor saltar do trem
você não vem?
queria assim
o tudo
o imprevisível
o tempestuoso
a um mesmo tempo
em meu cérebro
mente
racional
racionalmente
aos frangalhos
cacos
pedaços
mosaicos
juntos
grudados
separados
por tênue parede
ínfimo espaço
ínfimo tempo
estado
estado de choque
de estase
gozo
gozei
gozei na cara
de cara
ejaculei na cara
na face
orgasmei
um orgasmo
uma satisfação.
Batatas
papas
patatas
ao vencedor
umas fritas
cozidas
assadas
a tua
a tua batata
esta assando
borbulhando
em óleo fervente
quente
quente pra caralho
junte um dente de alho
umas cebolas
pimenta
nos olhos
na boca
anus
cú
vai
vai tomar do cu.
sua volta
tudo
se desfazendo
queimando
sumindo
morrendo
...
horrendo
...
tudo horrendo
um horror
o céu
no final da tarde
cinzento
cor de fuligem
fumaça
mata que arde
bicho que queima
humano bota
bota fogo
fogo no chapéu
no boné
na beira
beira de estrada
de riacho
floresta
fica
fica o que resta
carvão
chão
solo seco
garganta seca
vidas
secas!
